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27.04.2016 - 08:08

Perícia Oficial de MS descobre novas drogas distribuídas como selos em cartas

Os peritos oficiais do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses (Ialf), em Campo Grande, descobriram a partir de exames complexos de elementos químicos uma nova tática de traficantes atuando em Mato Grosso do Sul.
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Perícia Oficial de MS descobre novas drogas distribuídas como selos em cartas

Os peritos oficiais do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses (Ialf), em Campo Grande, descobriram a partir de exames complexos de elementos químicos uma nova tática de traficantes atuando em Mato Grosso do Sul.

Criminosos, a partir de conhecimento avançado em ciências farmacêuticas e químicas, desenvolveram entorpecentes capazes de dificultar a identificação de substâncias que caracterizem o produto como ilegal.

Esse tipo de substância, muito mais apurada que cocaína ou maconha e com composição semelhante ao LSD e ecstasy, acaba passando despercebida da ação policial no combate ao tráfico de drogas. Ou, mesmo quando apreendida, em primeiro momento não atestam positivo para exame que constata ser um entorpecente.

As drogas modernas vêm sendo comercializadas em Mato Grosso do Sul como selos, ou seja, podem ser facilmente escondidas ou vendidas à distância e entregues aos usuários, por exemplo, dentro de envelopes de cartas. As principais apreensões aconteceram até agora em cidades turísticas, como Bonito, além de Dourados e Cassilândia. Campo Grande figura com menor incidência nesse cenário.

Depois de estudo e troca de informações, agora a Perícia Oficial do Estado consegue decifrar esse código para auxiliar a Polícia Civil e o Judiciário a caracterizar o crime como tráfico de drogas. Os primeiros testes positivos começaram a ser feitos em novembro de 2015. Neste ano, outras análises de material apreendido por autoridades do interior do Estado também foram submetidas a exames e houve a comprovação.

Os entorpecentes identificados foram o 25I-NBOMe, 25CN-BOMe, alilescalina e triptilina. Eles têm derivação da metanfetamina (que é altamente viciante e tem efeitos diretos no sistema nervoso central e periférico).

Por serem utilizados como alucinógenos muito recentemente, a polícia só consegue concluir o inquérito como tráfico se este tipo de química ilegal for comprovada pela Perícia Oficial. A 25I-NBOMe foi descoberta em 2003, mas somente em setembro de 2014 a Europa, por exemplo, proibiu seu uso. A 25CN-BOMe surgiu em 2010, mas só apareceu na literatura forense em 2011.

Os peritos do Ialf obtiveram êxito nas investigações depois de trocar experiência com laboratórios do Rio de Janeiro e São Paulo, onde a venda desse tipo de alucinógeno e estimulante é mais constante.

COMO CHEGA

O tráfico dessas substâncias, muitas vezes, chega a Mato Grosso do Sul por meio de correspondência, com origem de países da Europa.

“Não existe nenhum tipo de estudo aprofundado sobre elas aqui no país. Ninguém sabe ao certo a quantidade que pode levar a overdose, por exemplo. Por isso são muito perigosas e a polícia depende do trabalho da perícia oficial para conseguir identificar que se trata de algo ilícito para atuar no combate”, explicou o perito criminal Evandro Pedão, do Ialf.

Em 2014, congresso realizado em Ribeirão Preto (SP) entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e as Perícias Oficiais Forenses ajudou a atualizar a portaria 344, de 1998, que regulamenta as substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Essa legislação norteia o trabalho da Perícia Oficial para descobrir novas drogas em Mato Grosso do Sul.

INVESTIGAÇÃO

Para se chegar ao laudo definitivo foi preciso utilizar a técnica de cromatografia gasosa acoplada com espectrometria de massa. Trata-se de equipamento presente no Ialf de Campo Grande.

Com a descoberta da exata técnica para identificar a droga, o resultado fica pronto para a Polícia Civil e o Judiciário em 72 horas.


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